24 de set. de 2010

O Respeito pela Tristeza

Pensei muito antes de escrever esse texto. Na verdade, pra mim, sempre foi difícil falar sobre algumas coisas.Desde que eu me lembre, aprendi a não compartilhar com ninguém as minhas mágoas, angústias e frustrações. Nem mesmo com amigos ou familiares. Nunca me senti a vontade o suficiente pra expor minhas idéias ou criar frases de efeito que fossem fazer as pessoas pensarem.
Talvez, por esse motivo, decidi escrever. Conseguir extraviar algumas coisas de minha alma é difícil. Praticamente impossível. Faço parte daqueles que vivem com sorridos estampados nos lábios e mostram ser mais fortes o tempo todo. Depois de tanto sofrer por não saber como falar algumas coisas, a gente cansa.
Cansa não ter com quem contar ou com quem chorar. Cansa estar tão aflito e não poder simplesmente deitar no colo de alguém e esquecer de todo o mundo. Cansa carregar tanto penso em sua alma que a faz ficar empedrada em mágoas e constrangimentos por coisas que podem até ser consideradas infantis, besteiras. Mas o meu coração chora, e já chorou.
O que eu posso dizer a vocês, caros leitores, é que nunca deixem o seu coração ficar cheio até o ponto de transbordar. Fingir uma tristeza com um sorriso é ainda pior. Querer encadernar algo com um papel bonito é quase como cobrir uma mancha de óleo com um tecido branco. Porque vai transparecer. Não para os outros, mas pra você. E o tamanho do fardo só se sabe quem o carrega.
Um dia eu ouvi que as pessoas tem que sorrir mesmo nas dificuldades. Eu discordo. Até os nossos momentos mais tristes tem de ser protegidos. É na tristeza que se encontram respostas. É depois de uma noite de lágrimas que sentimos a solidão sendo aliviada. É depois de meses da morte de um ente querido, de lágrimas mais doloridas do que qualquer coisa cortante que se encontra uma resposta.
Etapas. A tristeza precisa de etapas.
Cada um tem suas etapas, suas conquistas, suas lutas. Cada um tem um jeito de levantar do seu buraco, seja comendo chocolate, coxinha ou até uma greve de fome. Seja lá como forem suas fases, viva suas tristezas. Não há orgulho maior do que vencer suas batalhas sozinho, nada como levantar da podridão com sua própria ajuda.
Então, vamos combinar uma coisa?
Se precisar espalhar para os sete cantos do mundo suas dores, faça. Se quiser descabelar, chorar e até imitar cenas de filmes como uma banheira, um cálice de vinho e muitas lágrimas, faça-o também. Não há nada pior do que se remoer.
Não me imitem. Já perdi muitas coisas por ser desse jeito. Acredito que a alma se destrói mais rápido quando guardamos as coisas só pra nós. Com certeza é importante o silêncio, o momento de ficar em paz. Mas não há nada como um abraço na hora do desespero.
Não há nada como o colo da mãe depois de uma terrível briga com o namorado. Não há nada melhor do que o abraço protetor do pai amigo. Não há nada melhor do que o ombro de um amigo querido em dias de luto. Não há nada melhor do que um beijo e um “eu te amo” depois de uma briga. Não há nada melhor do que se sentir realmente incluso, amado e, principalmente, respeitado.
Procure por pessoas que façam você se sentir vivo. Ache almas que queiram compartilhar suas tristezas.
Uma boca que fala sem parar apenas coisas ao seu respeito não pode ser bom. Escutar é essencial. Conselhos nem sempre são melhores que um aconchego. Palavras nem sempre suprem a necessidade do toque.
Já dizia o ditado: Temos 2 ouvidos e uma boca por algum motivo. Use mais os seus ouvidos. Ouça as almas que gritam silenciosamente ao seu redor.

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