22 de nov. de 2009

É Só Um Jogo Pra Você?


"Game Over" dizem aqueles que perdem o jogo, mesmo querendo ganhar. Fim de jogo, final do jogo... Você perdeu, e isso é irreversível. Está certo, você pode começar outra rodada quantas vezes forem necessárias, mas nunca estará com a mesma empolgação que estava na primeira rodada de cartas. Jogos cansam qualquer ser humano, principalmente aqueles que não ficam viciados e bitolados com a magia de algumas cartas.
Na primeira vez que você vê aquele jogo, fica incrivelmente encantado: além de ser divertido, as peças chamam a sua atenção e você tem no primero momento uma imensa vontade de jogar e experimentar. Depois da primeira partida (você ganha com alguma sorte do destino), tem vontade de ter esse jogo, porque percebeu que ele não é só um passa tempo e acaba pegando gosto pelas cartas mágicas, principalmentes aquelas com um coração. Você começa a jogar todos os dias: quando está distante, pensa em chegar em casa e jogar para poder relaxar um pouco. Quer apresentar as suas cartas mágicas para a família, amigos e todas as pessoas que estiverem dispostas a receber algum tipo de magia. Estranhamente, para todas as outras pessoas, eram apenas cartas... Mas, para você, são cartas cheias de brilho e com gotas de surrealismo.
Você não liga para o que dizem de você. Quer continuar brincando e a cada dia leva mais a sério essa brincadeira. Tudo passa a ter sentido quando você olha para as cartas, e a vida fica mais simpática ao tirar meia hora do dia para apenas observar aquelas belezinhas.
Você começa, então, a parar de fazer suas coisas: deixa de lado sua casa, sua família, suas oportunidades e até outros jogos que passam por você. Deixa de lado algumas belezas da vida, deixa de sorrir algumas vezes por momentos perdidos, mas continua investindo seu tempo nas cartas. Todos começam a reclamar de você: querem que você volte a sua vida normal, volte a viver e expor seus sorriros sinceros a todos nas ruas, você rejeita. Então você decide entrar em um campeonato das cartas: 3 melhores jogadores são selecionados. Nas primeiras partidas, você ganha, pois dá muito valor as cartas e a sorte passa a ficar ao seu lado. As outras partidas começam a ficar complicadas: você começa a perder, começa e ver que outros jogos também podiam te fazer feliz, começa a entender que viver a mesma coisa por meses chega a ser um prisão. Aquilo acaba te desconcentrando, e você começa a se sentir sozinha, mesmo com uma mínima iluminação que as cartas ainda te exalam.
Ainda assim, continua investindo no erro: joga até perder o último centavo, até ficar com olheiras e então, uma lágrima reversa de magia, caí sobre a mesa. Não tem mais cartas para comprar, o brilho apagou e a maioria das cartas estavam gastas. Você ouve de longe: GAME OVER.
Depois de bolar mil planos para recuperar algumas cartas, depois de tentar grudá-las com cola Prit e Durex, nada deu certo. Você se conforma e decide, com muita dificuldade, procurar outra coisa que ocupe seus pensamentos... No começo dói: você sente falta de reviver aquela magia e sentir o frisson, mas nada faz voltar, como se todos os seus cuidados com as preciosas cartas não tivessem valido de nada. Depois você começa a se conformar... Não por fraqueza, mas porque está cansada de tanto sofrer e criar e recriar métodos para fazer a simples magia voltar a fazer milagres.

"Essas violentas alegrias têm fim também violento, falecendo no triunfo, como a pólvora e o fogo, que num beijo se consomem. O mel mais delicioso é repugnante por sua própria delícia, confundindo com seu sabor o paladar mais ávido. Tem, pois, moderação, que o vagaroso, como o pressado, atrasam-se do pouso."
Romeu e Julieta, Ato II, Cena IV*


p.s: Reverta a história, e coloque-se no lugar de quem investiu nas cartas e perdeu o jogo.

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