23 de ago. de 2009

Tua ausência fazendo silêncio em todo o lugar


Não ouço mais as trombetas matinais. Silêncio. O chuveiro desligado, vazio... Antes ficava mais de 2 horas ocupado, com as trombetas tocando. A cozinha, a sala, o computador, a garagem. Cadê o seu barulho, irmão?
Quando se é o caçula da família, sabe-se que será o último a sair de casa. O último a fazer 18 anos, o último a ter um carro... O último. Aquele que fica com toda a saudade, pois vê todos seguindo seus rumos e crescedo, e você fica para trás. Não brincam mais de boneca, não cantam mais canções de ninar. Ninguém mais tem tempo para ouvir um pouco das suas paranóias adolescentes, nem para ouvir o choro baixinho porque ele não te ligou.
Começam a sair, ir para as baladas, arranjam outros amigos. E você... você fica na janela olhando pra chuva, esperando o carro dele estacionar e o barulho da chave na fechadura misturados com o cheiro do perfume tomando escancarando o silêncio. Claro que eu sei, e todos os caçulas do mundo sabem que os irmãos mais velhos vão sair de casa. Esse é o ciclo não é? Então porque as vezes me encomoda essa falta? O silêncio que só a sua voz pode quebrar? Eu sei, sei de tudo isso.
Mas ninguém no mundo vai substituir seus barulhos ou seu cheiro. Lembra quando eu ia te buscar na porta do trabalho e eu dormia encaixada no seu braço? Juro que aqueles sonhos eram os mais doces e tranquilos que eu poderia ter em uma vida. O encaixe perfeito.
Saudade dos abraços, dos dias em que eu te ajudava a cozinhar e você me puxava, fingia que ia me beijar na boca e colocava a mão... Lembra? Algo que eu nunca vou esquecer, quando nossa avó morreu, você me colocou no colo e explicou que ela tinha virado uma estrela e ia ficar olhando por nós sentada nas nuvens. Aquela foi a única explicação que me convenceu de verdade.
Com toda essa nostalgia, que pela primeira vez é boa, eu consigo perceber que a falta não é de todo mal. A falta une, guarda lembranças, trás memórias e importâncias. Posso afirmar que eu me sinto totalmente segura e sem medo algum ao te abraçar e ficar perto de você. O bem e o amor que você tem por mim é impagavél.
Agradecer ainda é muito pouco. Anos de choro ao pé da cama, fraldas trocadas, lições de casa, dor de estômago, cabeça, febre... Coisas que somente irmãos fariam um pelo outro. Segredos, lágrimas trocadas, brigas.
Por você eu faço tudo. Não importa o que você é, como você é, o que você veste, o que você diz. Mesmo quando insiste em dizer que me achou em um lixão e sacode meus peitos. É disso que eu sempre vou precisar. Sempre vou querer seu abraço, seu sorriso, seu beijo, seu cheirinho de urso protetor. Preciso de você, irmão. Meu túnel pro passado, meu filme do presente, minha estrada do futuro. Que nossos caminhos estejam ligados por algo muito maior do que o tempo, ou o infinito. Afinal, não é todo dia que se acha ou se tem um anjo.
Quer saber um segredo? Eu tive sim um herói. Um herói chamado José Roberto, meu Super Homem, meu muro de maravilhas, meu exemplo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou sua maior fã,você é meu amor...
Minha fonte inesgotável de carinho... Te amo
Calila